Segue abaixo o mesmo texto da última aula (sobre descolonização da África) com exercícios. Coloquei no final o gabarito das questões.
Lembre-se que prova terá também as questões referente à Guerra Fria. Vou colocar num outro post o vídeo do Telecurso sobre a Guerra Fria que passei para vocês em aula, ok?!
A descolonização da África
A descolonização
tornou-se possível no após-1945 devido a exaustão em que as antigas potências
coloniais se encontraram ao terem-se dilacerado em seis anos de guerra mundial,
de 1939 a 1945. Algumas delas, como a Holanda, a Bélgica e a França, foram
ocupados pelos nazistas, o que acelerou ainda mais a decomposição dos seus
impérios no Terceiro Mundo. A guerra também as fragilizou ideologicamente: como
podiam elas manter que a guerra contra Hitler era uma luta universal pela
liberdade contra a opressão se mantinham em estatuto colonial milhões de
asiáticos e africanos?
A Segunda
Guerra Mundial se debilitou a mão do opressor colonial, excitou o
nacionalismo dos nativos do Terceiro Mundo. Os povos asiáticos e africanos
foram assaltados pela impaciência com sua situação jurídica de inferioridade,
considerando cada vez mais intolerável o domínio estrangeiro. Os europeus, por
outro lado, foram tomados por sentimentos contraditórios de culpa por
manterem-nos explorados e sob sua tutela, resultado da influencia das ideias
filantrópicas, liberais e socialistas, que remontavam ao século 18. Haviam
perdido, depois de terem provocado duas guerras mundiais, toda a superioridade
moral que, segundo eles, justificava seu domínio.
Quem por primeiro
conseguiu a independência foram os povos da Ásia (começando pela Índia e
Paquistão, em 1946). A maré da independência atingiu a África somente em 1956.
O primeiro pais do Continente Negro a consegui-la foi Ghana, em 1957. Em geral
podemos separar o processo de descolonização africano em dois tipos. Aquelas
regiões que não tinham nenhum produto estratégico (cobre, ouro, diamantes ou
petróleo) conseguiram facilmente sua autonomia, obtendo-a por meio da
negociação pacífica. E, ao contrário, as que tinham um daqueles produtos,
considerados estratégicos pela metrópole, explorados por grandes corporações, a
situação foi diferente (caso do petróleo na Argélia e do cobre no Congo belga).
Neles os colonialistas resistiram aos movimentos.
No continente
africano, o Egito foi a primeira nação independente, alcançando a sua
independência entre as duas guerras mundiais. Posteriormente, na década de 50,
mais de 20 nações tornaram-se independentes.
Entre as nações que
tornaram-se independentes na década de 50, podemos
destacar : Marrocos, Tunísia,
Líbia, Sudão, Etiópia, África do Sul e Gana.
Na década de 60, outros países surgiram como Argélia,
Mali, Niger, Tchad, Zaire, Senegal, Tanzânia, Quênia, Somália, Nigéria, entre outros.
Depois da década de
60, somente as colônias portuguesas como Angola e Moçambique, continuaram a luta pela
independência alcançada somente na década de 1970. Em Angola e nas outras
colônias portuguesas, a luta pela emancipação fora reforçada após a Revolução
dos Cravos, que finalizou o fascismo em Portugal.
Em Angola ocorreu a
presença de três grupos guerrilheiros : FNLA ( Frente Nacional de Libertação
de Angola), UNITA ( União Nacional pela Independência Total de Angola) e o MPLA
( Movimento Popular de Libertação de Angola), a luta foi encerrada em 1976, com
a vitória da MPLA mantida pela URSS.
A Argélia, colônia
francesa, era uma região muito rica e promissora, que interessava às empresas
francesas; o presidente de Gaulle propôs dar autonomia à colônia, proposta não
aceita pelos argelinos que lutaram pela separação completa através da Frente de
Libertação Nacional.
1 - Defina África.
2 - Como você definiria o conceito de
descolonização?
3 - Quando se fala em descolonização
tem-se a sensação que esta parte dos povos africanos ou do povo europeu?
Justifique sua resposta.
4 - O que impedia o processo de
independência dos povos africanos? Justifique.
5 – Há relação entre a condição
socioeconômica atual dos diferentes povos africanos com o Neocolonialismo e com
o processo de descolonização? Explique sua resposta.
6 - (Fuvest) Assolado pela miséria,
superpopulação e pelos flagelos mortíferos da fome e das guerras civis, a
situação de praticamente todo o continente africano é, neste momento de sua
história, catastrófica. Este quadro trágico decorre:
a) de fatores conjunturais que nada têm
a ver com a herança do neocolonialismo, uma vez que a dominação colonial
européia se encerrou logo após a segunda guerra mundial.
b) exclusivamente de um fator
estrutural, posterior ao colonialismo europeu, mas interno ao continente, que é
o tribalismo, que impede sua modernização.
c) da inserção da maioria dos países
africanos na economia mundial como fornecedores de matérias-primas cujos preços
têm baixado continuamente.
d) exclusivamente de um fator
estrutural, externo ao continente, a espoliação imposta e mantida pelo Ocidente
que bloqueia a sua autodeterminação.
e) da herança combinada de tribalismo e
colonialismo, que redundou na formação de micro-nacionalismos incapazes de
reconstruir antigas formas de associação bem como de construir novas.
7 - (Fgv) O genocídio que teve lugar em
Ruanda, assim como a guerra civil em curso na República Democrática do Congo,
ou ainda o conflito em Darfur, no Sudão, revelam uma África marcada pela
divisão e pela violência. Esse estado de coisas deve-se, em parte,
a) às diferenças ideológicas que perpassam
as sociedades africanas, divididas entre os defensores do liberalismo e os
adeptos do planejamento central.
b) à intolerância religiosa que impede
a consolidação dos estados nacionais africanos, divididos nas inúmeras
denominações cristãs e muçulmanas.
c) aos graves problemas ambientais que
produzem catástrofes e aguçam a desigualdade ao perpetuar a fome, a violência e
a miséria em todo o continente.
d) à herança do colonialismo, que
introduziu o conceito de Estado-nação sem considerar as características das
sociedades locais.
e) às potências ocidentais que
continuam mantendo uma política assistencialista, o que faz com que os governos
locais beneficiem-se do caos.
8 - (Pucsp) "A economia dos países
africanos caracteriza-se por alto endividamento externo, elevadas taxas de
inflação, constante desvalorização da moeda e grande grau de concentração de
renda, mantidos pela ausência ou fraqueza dos mecanismos de redistribuição da
riqueza e pelo aprofundamento da dependência da ajuda financeira internacional,
em uma escala que alguns países não tiveram nem durante o colonialismo".
Leila Leite Hernandez. "A África
na sala de aula". São Paulo: Selo Negro Edições, 2005, p. 615.
O fragmento caracteriza a atual situação geral dos
países africanos que obtiveram sua independência na segunda metade do século
XX. Sobre tal caracterização pode-se afirmar que:
a) deriva sobretudo da falta de unidade política
entre os Estados nacionais africanos, que impede o desenvolvimento de uma luta
conjunta contra o controle do comércio internacional pelos grandes blocos
econômicos.
b) é resultado da precariedade de recursos naturais
no continente africano e da falta de experiência política dos novos
governantes, que facilitam o agravamento da corrupção e dificultam a contenção
dos gastos públicos.
c) deriva sobretudo das dificuldades de formação
dos Estados nacionais africanos, que não conseguiram romper totalmente, após a
independência, com os sistemas econômicos, culturais e político-administrativos
das antigas metrópoles.
d) é resultado exclusivo da globalização econômica,
que submeteu as economias dos países pobres às dos países ricos, visando à
exploração econômica direta e estabelecendo a hegemonia norte-americana sobre
todo o planeta.
e) deriva sobretudo do desperdício provocado pelas
guerras internas no continente africano, que tiveram sua origem no período
anterior à colonização européia e se reacenderam em meio às lutas de
independência e ao processo de formação nacional.
9 - (Uerj) A África subsaariana conheceu, ao longo
dos últimos quarenta anos, trinta e três conflitos armados que fizeram no total
mais de sete milhões de mortos. Muitos desses conflitos foram provocados por
motivos étnico-regionais, como os massacres ocorridos em Ruanda e no Burundi.
(Le Monde Diplomatique, maio/1993 - com
adaptações.)
Das alternativas abaixo, aquela que identifica uma
das raízes históricas desses conflitos no continente africano é:
a) a chegada dos portugueses, que, em busca de
homens para escravização, extinguiram inúmeros reinos existentes
b) a Guerra Fria, que, ao provocar disputas entre
EUA e URSS, transformou a África num palco de guerras localizadas
c) o Imperialismo, que, ao agrupar as diferentes
nacionalidades segundo tradições e costumes, anulou direitos de conquista
d) o processo de descolonização, que, mantendo as
mesmas fronteiras do colonialismo europeu, desrespeitou as diferentes etnias e
nacionalidades
10 - (Cesgranrio) "Morre um homem por minuto
em Ruanda. Um homem morre por minuto numa nação do continente onde o Homo
Sapiens surgiu há um milhão de anos... Para o ano 2000 só faltam seis, mas a
Humanidade não ingressará no terceiro milênio, enquanto a África for o túmulo
da paz."
(Augusto Nunes, in: jornal O GLOBO,
6.8.94)
A situação de instabilidade no continente africano
é o resultado de diversos fatores históricos, dentre os quais destacamos o(a):
a) fortalecimento político dos antigos impérios
coloniais na região, apoiado pela Conferência de Bandung.
b) declínio dos nacionalismos africanos causado
pelo final da Guerra Fria.
c) acirramento das guerras intertribais no processo
de descolonização que não respeitou as características culturais do continente.
d) fim da dependência econômica ocorrida com as
independências políticas dos países africanos, após a década de 50.
e) difusão da industrialização no continente
africano, que provocou suas grandes desigualdades sociais.
11 - (Ufes) O presidente sul-africano ficou
surpreso ao saber que, no Brasil, o maior país de população negra fora da
África, se fala uma só língua e se pratica o sincretismo religioso.
("O Globo" - 23/7/98)
O texto se refere à visita ao Brasil do presidente
sul-africano, Nelson Mandela, que combateu duramente os sérios problemas
enfrentados pela África do Sul após se libertar da sujeição efetiva à
Inglaterra. Uma das dificuldades por que passou o país foi a política de
"apartheid", que consistia no(a)
a) resistência pacífica, que previa o boicote aos
impostos e ao consumo dos produtos ingleses.
b) radicalismo religioso, que não permitia aos
brancos professar a religião dos negros, impedindo o sincretismo religioso que
interessava aos ingleses.
c) manutenção da igualdade social, que facilitava o
acesso à cultura a brancos e negros, desde que tivessem poder econômico e
político.
d) segregacionismo oficial, que permitia que uma
minoria de brancos controlasse o poder político e garantisse seus privilégios
diante da maioria negra.
e) desarmamento obrigatório para qualquer
instituição nacional e exigência do uso exclusivo do dialeto africano nas
empresas estrangeiras.
12 - (Fuvest 2011) África vive (...) prisioneira de
um passado inventado por outros.
Mia Couto, Um retrato sem moldura, In:
HERNANDEZ, Leila,
A África na sala de aula. São Paulo:
Selo Negro, p.11, 2005.
A frase acima se justifica porque
a) os movimentos de independência na África foram
patrocinados pelos países imperialistas, com o objetivo de garantir a
exploração econômica do continente.
b) os distintos povos da África preferem negar suas
origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no mundo de hoje, para a
defesa da identidade cultural africana.
c) a colonização britânica do litoral atlântico da
África provocou a definitiva associação do continente à escravidão e sua
submissão aos projetos de hegemonia europeia no Ocidente.
d) os atuais conflitos dentro do continente são
comandados por potências estrangeiras, interessadas em dividir a África
para explorar mais facilmente suas riquezas.
e) a maioria das divisões políticas da África
definidas pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais, mesmo após os
movimentos de independência.
13 - (Upf 2012) Analise a charge abaixo que
apresenta alguns elementos dos processos de descolonização ou libertação da
África negra durante o século XX. Aponte a assertiva correta com base na imagem
e na história do processo de independência das colônias africanas.
a) A descolonização foi uma iniciativa dos
colonizadores, que, conscientes da importância do princípio de autodeterminação
dos povos, afastam-se para deixar que cada nação africana ainda regida por europeus
seja independente.
b) Muitas lideranças africanas implementaram
ditaduras pautadas na força quando da sua independência em relação aos
europeus.
c) A luta anticolonial foi estimulada pela Segunda
Guerra Mundial, quando soldados das colônias foram incorporados aos exércitos
nas batalhas da Europa e obtiveram direitos políticos para suas nações em
função de sua participação na derrocada do nazifascismo.
d) Apesar de alguns líderes africanos terem se
destacado na luta pela independência, o processo foi solucionado de forma
pacífica, evidenciando a conscientização de todos os envolvidos.
e) O Pan-Africanismo visava congregar as nações
independentes em entidades desportivas que auxiliassem na sua afirmação
identitária nacional, fazendo uso da Copa da África, Copa do Mundo e Olimpíadas
para reforçar a união de suas populações.
14 - (Ufsm 2011) "A primeira coisa, portanto,
é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não obedecerei
às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha
consciência. O assim chamado patrão poderá sussurrar-vos e tentar forçar-vos a
servi-lo. Direis: Não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso
poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da
liberdade que não pode jamais ser apagada." (Mahatma Gandhi)
In: MOTA, Myriam; BRAICK, Patrícia.
História das cavernas ao Terceiro Milênio. São Paulo: Moderna, 2005.
p.119.
"Acenderá a tocha da liberdade que não pode
jamais ser apagada" são palavras de Mahatma Gandhi (1869-1948) que, no
contexto da Guerra Fria, inspiraram movimentos como
a) o acirramento da disputa por armamentos
nucleares entre os EUA e a URSS, objetivando a utilização do arsenal nuclear
como instrumento de dissuasão e amenização das disputas.
b) a reação dos países colonialistas europeus
visando a diminuir o poder da Assembleia Geral da ONU e reforçar o poder do
Secretário Geral e do Conselho de Segurança.
c) as concessões unilaterais de independência às
colônias que concordassem em formar alianças econômicas, políticas e
estratégicas com suas antigas metrópoles, como a Comunidade Britânica de Nações
e a União Francófona.
d) o reforço do regime de "apartheid" na
África do Sul que, após prender o líder Nelson Mandela e condená-lo à prisão
perpétua, procurou expandir a segregação racial para os países vizinhos, como a
Rodésia e a Namíbia.
e) o não alinhamento político, econômico e militar
aos EUA ou à URSS, decisão tomada pelos países do Terceiro Mundo reunidos na
Conferência de Bandung, na Indonésia.
Gabarito: 6 - E 7 - D 8 - C 9 - D 10 - C 11 - D 12 - E 13 - B 14 - E